30/07/2007
E guardei-as todas em caixa de veludo,
Com elas irei bordar nas linhas do infinito,
Uma noite, somente pra lhe amar...
Das pétalas de rosas que caíram do jardim
Do meu coração e com flores de violetas azuis,
Bordarei nas linhas da eternidade,
Um céu branco e lilá, deslumbrante,
A noite do nosso amor...
Marta Peres
e anêmico,
Que de vezes já o encontrei,
Em escusos bares do submundo,
O meu calado cúmplice!
Havíamos feito muita farra juntos.
Convivemos numa convivência boa
Desde a época do liceu
Até conseguirmos nosso diploma de bachareu.
Assim como todo bom advogado
Que vivia em nossa época,
Éramos perfeitos boêmios e poetas.
Mas isso não era coisa de se contar.
E aquele segredo sentava-se ali conosco
Como um convidado invisível.
E nós bebíamos lentamente a ver se recordávamos
Toda nossa vida,
em apenas algumas garrafas...
Através da grande janela envidraçada
Podíamos ver as águas do Tejo passando lá fora.
Era maravilhoso o espetáculo que se descortinava
No bar, lembranças,
meu amigo e eu nos embriagávamos...
Marta Peres
28/07/2007
Se sou poeta foi dom
E ele veio de mansinho
Começou devagarinho
Quando o sol nasceu...
Se sou poeta?
Já disseram que sim
Mas sou é maestra
E do giz já utilizei
Energias, já desperdiçei!
Dizem que ser poeta
é ser mestre
e esse dom permanente
chama atenção do pássaro
que canta e voa
diariamenteno fundo do meu quintal.
Nem curso fiz!
Sei que são importantes
Mas com dom,
Tudo fica diferente,
O poema prevalece.
A obra do Divino é magnífica,
Trabalho só com a inspiração,
esta foi legada entre rosas
E espinhos, passarada a voar
No céu azul e sobre o mar.
São emoções e paixões
São dias e noites
Que vão à madrugada,
Me vejo apaixonada
Com a lua
E os namorados.
As palavras vão se juntando,
Ora lentas, ora numa rapidez
Vertiginosa e os amantes
Enlouquecidos fogem pra
Cantos bem escondidos
Amando, amando e só amando...
Ser poeta é vocação
É trabalho é missão
É vida, é dom
Que sai do coração
E canta na alma...
Marta Peres
Gosto de acariciar teu rosto.
Teus cabelos mais parecem
Campo de trigo dourado
E minha mão fica pequena
Como uma flor de açucena
Que delicada debruça
Sob o peso do orvalho.
Teu coração imenso
Maior que o firmamento
Encanta o meu olhar,
Faz que lágrimas derramem
Quando me ponho a te olhar...
Sinto neles o deslumbramento
E vejo estrelas no céu,
Mesmo sendo nas manhãs.
Tu me encantas desde tua chegada
és filha brilhante, amada,
estou perdidamente emaranhada
em teus fios de delícias e doçuras.
Já não encontro o começo da meada,
Não sei nem mesmo
Se há ponta de saída,
Meu amor por ti vai num ritmo crescente
e subjuga meu pensamento.
Não me importo.
Amo-te filha, razão de minha existência
E quero teus nós de seda
Cada vez mais cegos e apertados
A me costurar nas malhas
Do meu amor de mãe,
Enquanto tu me amarras, mais e mais,
Permanecemos atadas no carinho
E na cumplicidade, amor de mãe e filha,
Própria trama redonda do novelo.
Marta Peres
Perdi meu pincel da esperança
Que deixava belas, as telas, de sonho
E ilusão, fruto da imaginação.
Sonhos respingados da euforia,
Lindas sonatas repletas de harmonia.
Como farei, preciso pintar meus sonhos
De felicidade, não tenho picel.
Nem como misturar as tintas,
O balde da fantasia ficou perdido
E o otimismo, não existe mais,
As colheres de alegria ficaram tristes.
Meu mundo encantado desmoronou...
Tudo foi ao chão da agonia
A obra que pensei, temo
Jamais se inicia.
A tela que deveria ser branca
ficou negra e nenhum colorido há,
dos sonhos slpicados, apenas borroões
que se deslocam.
Meu pensamento flutua
Desencadeando sentimentos,
Sem prazer, sem vida
Fico inerte, sem a obra de arte.
Marta Peres
Marta Peres
Se me embriagar, não sentirei
O fardo do tempo
Que verga e inclina minha vida,
Vou me embriagar sem descanso.
Maria Flor
Para não sentir o peso do tempo
mas se o vento passa
leva o tempo
leva a vida
Marta Peres
Por isso vou me embriagar
Beber até a última gota
Sentir a vida na bebida,
Com o quê?
Maria Flor
Na taça do vinho frisante,
deixar que esquente a alma,
sorver em cada gole,
o sentido da vida.
Marta Peres
Triste vida sem você...
É preciso estar sempre embriagada
Mesmo que com o vinho da poesia
Se me dá a virtude de escolher...
Maria Flor
Escolher viver ou morrer?
Viver por você,
Para morrer sem você.
Em cada traço
Em cada laço
Está você...
Marta Peres
Se porventura, escolher morrer,
Deixa que meu corpo descanse
Sobre relva verde de um fosso,
Não quero solidão morna dum quarto
Maria Flor
Quero morrer em teus braços...
Marta Peres e Maria Flor
Não consigo mais ver o brilho do seu olhar
E nem o brilho do sol e das estrelas
Tudo ao meu redor é negro, pavor, terror.
Sinto medo,
vejo pessoas rezando ao meu redor
outras chorando e com olhos de dor,
tudo é assombro, a vida desmoronou.
Pensei que fosse sonho!
Mas minha imagem exposta no ataúde
Diz em contrário,
Cruel angústia que não tem fim.
O que restou de mim?
Vejo apenas entulho ficando para trás
E a angústia aumenta,
Minha consciência é nítida para esta sorte.
Vejo meu corpo descendo estreita vala
E meu coração dispara em agonia profunda,
Me falta o ar e a angústia cresce
Todos se foram, só, eu fiquei em prece.
Marta Peres
Não por eu querer encontrar
Mas pela força que você promoveu
Em me achar.
Mas nem por isso queria lhe achar,
Há algo que me intriga,
No meio de tantos
Como foi me encontrar?
Você chegou branda, meiga,
Uma doçura imensa
E chamou por mim,
Aqui estou,
No meu novo fim.
Marta Peres
Do deserto recebem água,
Senti desejo e fui satisfeita,
Me deste o amor que só os apaixonados
E as almas gêmeas sabem e podem dar.
Como criança senti doce felicidade
Alegria e ternura.
Entreguei-me totalmente
E sinto-me a mais realizada das mulheres!
Tu chamas amor!
Marta Peres
E ajuda-me trilhar a vida,
Tu faze-me bem,
Em troca dou-te uma rosa.
Tu que entrabre os lábios num sorriso
Para comigo
E compartilhas lágrimas
E sabes de minha existência,
Oferto-te uma rosa!
Tu que és nobre nos sentimentos
rico no viver
e imperas no amor,
oferto-te uma rosa!
Tu que és pessoa amiga
Fazendo ternamente do silêncio sair sons
E que canta comigo
Oferto-te uma rosa!
Tu que parastes para ouvir meus queixumes
E lamentos
Tendo palavras doces e certas,
Esta rosa é para ti
Com meu eterno obrigado!
Marta Peres
Caminhei em estradas e caminhos poentos,
Caminhei sobre cascalhos e pedras caminhei...
Tinha esperança de saber o que é o amor...
O que é o amor?
Vi um poeta e perguntei e vi uma criança
E vi um homem e vi uma mulher.
Ninguém sabia dizer...
Então me vi num jardim, encantador
E caminhei por alamedas e avenidas
Vi pássaros e vi a flor azul...
Deslumbrante no seu canteiro...
A bela flor azul orvalhada pelas gotas
Do orvalho da manhã assim falou:
O amor é o carinho é o espinho
que não se vê na minha flor.
O amor é alegria, é passarada
Em alvorada é a vida quando
Chega sangrando em minhas pétalas,
Mas com gotas do meu imenso amor.
Marta Peres
Lembrei-me de ti Flor Azul!
Era calma e mansa como penso que és,
De rosas e mais rosas senti suave perfume,
Ao pensar de ti.
Caminhavas em dia de sol lindo e ardente,
e tua imagem loura, ariana, encheu meu olhar
e o azul do céu em ti me confundiu a visão.
Estavas bela em teu traje azul.
Vi desabrochar botão azul da Flor Azul
E doces sentimentos nasceram na alma,
Eras bela e mais bela era a alma...
Pelo semblante notei que sonhavas,
a vitrola entoando suave melodia
dedilhava som inebriante,
emanando em teu coração o sonho.
Dores, amores, lembranças doces
Falavam na mulher e Flor Azul
E a viola chorava na vitrola
Feliz ao falar na mulher,
amor e Flor.
Marta Peres
O amor canta em meu coração!
Não há desespero
nem lugar para a tristeza
quando o amor está presente e canta.
No amor a sabedoria fala
e não há desgosto e nem mágoa
e o amor mais belo e profundo
emerge numa alegria sem fim.
Transborda o mel no coração
e meus olhos enchem-se de lágrimas.
Derramo todas e limpo o coração a alma.
Amo!Amo!Amo!
É uma alegria sem igual, ímpar!
Uma alegria que não se explica
e nem se entende canta
e é feliz, apenas isto.
Marta Peres
27/07/2007
Sob o verde de aquarela
E teu sorrio me cala o coração,
Estás linda nesta minha visão!
Recordo do dia que tu partiste!
Já sabias que a hora chegava
E querias teus amados do lado
Nem todos vistes em vida!
Mas mesmo assim Mãe, tu fostes
Pois era vencido o tempo,
Hoje nas Moradas Celestes tu vives
A espera dos teus amores.
Venho falar-te, em prece enternecida
Do amor imenso que a ti tenho,
Não me deste a vida, ensinaste-me a vivê-la
E caminhar só, por mim mesma.
Sinto saudades Mãe, dos teus carinhos
E de tuas mãos no meu rosto
Do afago suave e sincero de Mãe.
Vejo Deus no homem cheio de dor
alegre ou triste,
nas estrelas do céu, no mar profundo.
Vejo Deus glorioso, triunfante!
Deus!
luz de min'alma!
Eu O sinto,
eu O vejo em pensamento...
Noto sinais em tudo, do Seu dedo!...
26/07/2007
Marta Peres
Teias
Me vi enredada em teias,
olhar de vidro incidiam
sobre mim, imagem tenho
do pavor causado, fuga
do castelo, terror se abateu
nos passos, marcado no mesmo
lugar, pés presos no chão,
solidão amedrontava, sonhos
mudos, rosto marcado,
mundos diferentes e iguais,
enrolados, diferença singular,
lágrimas caladas...
Marta Peres
Pois é tão terno, tão meigo, tão meu...
Oferto-te pelos momentos de luta
por cada empreitada dura, sofrida,
pode-se dizer cruel.
Oferto-te pelos momentos de céu
que foram curtidos, porém, nós o
vivemos intensamente,
com toda nossa força.
Sim, eu quero colocar para ti
toda minha poesia
numa toalha azul do céu
ou num lençol de quaresmas
todas, do nosso rio particular.
Não, não quero te deixar pasmo
nem surpreso,
também não quero ver
a perplexidade em teu olhar.
Sei que tu podes entender o meu amor
sim, pois da mesma forma
sinto-o vindo de ti.
É um amor estampado,
escancarado em nosso coração.
É a nossa razão de viver!
Marta Peres
E que na vida não tem norte,
Irmã do sonho, da sorte é crucificada.
Vivendo em dor, saudade e solidão.
Você hoje é sombra de névoa tênue
E esvaecida, amarga destino cruel.
Triste e forte, impele brutalmente
Para a morte, em vida.
Você vive incompreendida por todos
E quase ninguém a vê e nem se importa
É como folha seca e morta
Vive só em seu ninho sem alguém
Que
É triste sem ser,
Veio ao mundo e não entende o que
Você dorme chorando e desperta aos prantos
Sente saudades e não sabe do quê.
Já é morta viva, não se deu conta,
Marta Peres
Marta Peres