14/11/2008

Fuga da Felicidade


Fuga da Felicidade

Olhei minhas mãos, analisei
os fatos, agarrei a felicidade
como a um presente que muito
se quer! Tomei-a pelos brços
levano-a para dentro dos meus
guardados, tranquei-a junto com
flores perfumadas. Foi assim
minha primavera, meu verão,
meu outono, assim atravessei
todo inverno. Senti a fragilidade
desta palavra suave, segredos
guarda dentro do coração esperando
que sejam desvendados. Sábia, leve
como pluma a bailar ao vento se põe
no seu cantinho e espera, quando
chamo por ela não vem, sorri de longe,
segue um pouco mais esperando que
eu a alcance. Fugiu pelos vãos dos dedos,
eu a deixei ir embora, não me arrependo!

Marta Peres

E o ciclo continua


E o ciclo continua

Ouvi contar daquela casa
que ficava na rua mais reta de minha cidade,
calçada alta e de pedra, onde nas tardes
assistiam o pôr do sol.
Casa velha com árvores no quintal,
mangueiras, goiabeiras, jabuticabeiras,
plantações de café, bananeiras das mais
variadas qualidades, meninada feliz
pisando chão de terra,
desenhos, palavras, folguedos
sobre as árvores...
Mundo infantil, sorrisos, lágrimas,
sofrimentos, sem se darem conta
da passagem do tempo...
Assim viveu Amália, viveu Inês,
viveu Magda, viveu Delinho,
viveu Vanilda, viveu Gizelda,
viveu Lia, viveu Antônio,
viveu Crizólita, viveu Paulino,
viveu Maurício, viveu Nenzinha,
viveram várias crianças
que se tornaram adultos, conscientes
dos valores sem perderem a ingenuidade
da criança, o sonho, o pensamento no bem
e na moral, o ciclo continua!

Marta Peres

Alma Feminina


Alma Feminina

Manhã despertou com novo sol,
novas promessas, sutilmente
espalha os raios, sonhos foram
realizados na madrugada,
distribuídos aos corações.
Essencialmente a alma feminina
sente olhares diferentes, olha
de modo diferente a beleza sutil
da natureza, falando ao ouvido,
sorrindo, entregando a chave
da felicidade nas suas mãos!

Marta Peres

Constatação


Constatação

Esse súbito querer,
esse súbito não querer,
me leva a crer
que estou me apaixonando.
Vontade de chorar e rir,
estar perto, sentir o toque
da sua mão em minha pele
e ter as pernas trêmulas
quando ele vem chegando,
isto não deixa mentir ao coração!

Marta Peres

Violino Cigano



Violino Cigano

Noite quente... ao longe, violino plangia,
música cigana era ouvida, melodia
cantada dentro da tristeza parecia
dor, desalento, sonho perdido, magia

para quem está longe. Partiu em direção
som convidativo, calaram medos seus,
dor e paixão sobrepuseram-se à razão,
a dama foi calada em busca do seu deus

cigano, trovador de sonhos, de beleza
morena por quem se apaixonara tão bela
dama, conquista fácil, frágil, e fraqueza

de mulher! Rápida na decisão, partia
rumo ao acampamento cigano: quimera...
persegue o som de um violino que plangia!

Marta Peres

03/09/2008

Ser


Ser

A inconstância do ser
É transparente,
Anseia em querer
E não querer
Usando a insatisfação
Constante, inerente
Ao seu ser.
Vive iludido na ânsia
De viver, vive e se ilude,
Ilude.
Espera, tem esperança
Ardendo no peito,
Há ser que espera
Sem esperar...

Marta Peres

Amiga Poetisa!


Amiga Poetisa!

No meu mundo virtual
Encontrei uma mineira
Com um grande cabedal
E muito verdadeira.

Com carinho e paciência
Incentivou-me a poetar
E com muita persistência
Comecei a versejar.

Amiga a você devo
O meu pontapé inicial
Nesses versos transcrevo
O meu afeto afinal.

Gostaria de conhecer-lhe
E dar-lhe um forte abraço
E também agradecer-lhe
Oferecendo meu regaço.

Neneca Barbosa
(Poema para minha amiga Marta Peres.)

16/06/2008

Companheira da Madrugada


Companheira da Madrugada

Sou companheira da madrugada,
revivendo dores, mágoas, feridas
não cicatrizadas e sangram meu
coração, me tiram o sono, ando pelo

jardim como sonâmbula, sinto a alma
arder, quase nunca encontro alívio,
por quase nada e quase sempre vou
às lágrimas, choro sobre as rosas

que se orvalham, chorando comigo,
sentindo minha solidão, lembranças
marcam meu viver, preciso mudar,
modificar meu pensamento, aceitar

sua partida, aceitar que perdi , deixar
de viver das recordações, buscar forças
para re-viver dependendo de mim,
do meu amor por mim, pela minha vida!

Marta Peres

Semeando amor


Semeando amor

Ao longe,
orquestra toca,
suspiro,
continuo meu caminhar
semeando as sementes
dos belos girassóis,
um foco de luz converge,
avanço,
olho para trás,
vejo crescer a fila,
admiro a maravilha dos campos
já plantados,
dos meus olhos saem alegria
quando meu amor surge
ao longe,
em meio aos girassóis crescidos
sinto seu amor por mim,
vejo a dança das flores
quando ele passa,
se reverenciam à sua passagem,
sentem revigorar as forças
pelo amor que dele exala,
a tarde chegando
e eu sorrindo toda felicidade
por amar,
sobre o campo de girassóis!

Marta Peres

15/06/2008

Saudades


Saudades

O que sinto eu sei, não é cansaço,
Sim desilusão que entranha na alma,
No meu pensar...
Minha vida anda às avessas,
Não tenho como resolver este sentimento
Que maltrata e corrói a alma...
Meu alvorecer está cheio de lágrimas
E no crepúsculo sinto tristeza
E dói, dói,dói...
Já nem sei como existo,
As forças faltam
Falta a voz, nem um grito,
Nem palavra consigo balbuciar
Apenas gemidos, sofridos, calados...
Há em mim uma angústia
Uma sede infinita e constante
De ser entendida, há momentos
Que nem eu me compreendo
E minha alma sofre atormentada
E não se sente bem, sente saudades...
Sei lá de quê!

Marta Peres

O que torna uma mulher bela


O que torna uma mulher bela

Admiro o homem que vê na mulher
não a beleza física, o corpo escultural,
admitindo ser secundária este tipo de beleza,
entendendo que uma mulher bela torna-se
sem atrativos, em pouco tempo o interesse
vai embora, torna-se insuportável, cansativo
viver com um manequim.
Uma mulher simpática, atraente, faz mais a
cabeça dos homens inteligentes, que realmente
sabem escolher a companheira, a companhia.
O que torna a mulher bela, não é seu físico,
é sua delicadeza, finura no trato com as pessoas,
sua espontaneidade, seu jeito cativante, seu sorriso.

Marta Peres

“Sem rumo”


“Sem rumo”

Meu corpo cansado já não agüenta, quer parar
recusa-se continuar, não consegue enfentar a vida,
feridas se abriram nos pés, caminho feito de pedras
machuca ao pisar, nas quedas, não encontro saída

Completamente só, choro, sinto falta de alguém
que enxugue minhas lágrimas, grito, ninguém
me escuta nem me entende, sigo a cambalear,
Dores no corpo, na alma que está a naufragar

respiração ofegante, mundo em desencontro,
perdi o rumo, minha alma amargurada se vê
incompreendida, dentro do mundo não encontro
meu lugar, tudo é amargura, minha boca sente

o amargor da derrota, tédio de tudo, por tudo,
olho a minha volta, pessoas caminham sorrindo,
sorriso sarcástico nas bocas das máquinas, seguem
neste mundo onde a perversidade vive fluindo...


Marta Peres

Além da Vida


Acróstico

Além da Vida

A lma perdida no turbilhão do tempo
L argada ao relento, sem chão, sem Pátria, não
E xiste cantinho que satisfaça, sirva como lar,
M arcada pela vida, marcada pela morte!

D rama que conheceu após fechar os olhos,
A lcançando a Eternidade Infinita!

V ida, quantas vivi, quantas irei viver até
I ncrustar no coração, sou Eterna como Eterno é
D eus, sou Inteligência Semelhante ao Pai,
A mor Infinito, Bem Supremo, viva pela Eternidade!

Marta Peres

Sinto Pena


Sinto Pena

Sinto pena de mim por acreditar,
acredito em cada palavra sabendo
ser mentira, creio no que dizes
sabendo não ser verdade, vives

dentro do mundo de sonhos, mundo
que fizeste para ti, viver alheio à realidade,
vives desprotegido, nu da realidade,
olhando nuvens que passam nos céus

sem poder alcançar, afastam de ti
quando teus olhos tentam atingir,
sinto pena de ti, nada posso fazer,
sinto pena de mim por acerditar!

Marta Peres

Cai a Noite


Cai a Noite

Morrem nos céus as luzes do dia,
na noite que cai aves tagarelas
cantam baixinho, mais parece ensaio
dentro da tarde de junho, pintam-se,

do horizonte nas ourelas as curvas
das montanhas que cercam a cidade,
um dúbio raio alaranjado, o manto
cauteloso da noite desfalece num

lírico desmaio, o céu, no tom colorido
vai se entregando, pouco a pouco,
descuidado, sonolento, mesclando
as flores do negror da sua capa,

bocejando preguiçosamente na volta
ao lar, depois de duro dia de trabalho,
deixando que as estrelas surjam
e enfeitem os céus de brocados!

Marta Peres

Não sei como virás 1 e 2


Não sei como virás 1

Não sabes o que é carinho,
deixaste perder as carícias,
o dom de acariciar, sinto por
ti imensa piedade, já não sabes

qual caminho seguir, esqueceste
o caminho das flores, onde a passagem
florida encanta corações, inebria
a alma, andas, andas, não encontras

o que procuras, vives como viajante
do tempo a suspirar pela doçura do amor,
tuas noites andam frias, escuras, ao passar
ramos estremecem, sentem medo

de ti, de como virás, do peso de tua
mão, da cólera que apossas do teu corpo,
do teu rosto transfigurado pela ira, já não
teces a ilusão da pureza de um beijo!

Marta Peres



Não sei como virás 2

Deixa o mundo de enganos,
tem cá tudo o que precisa
para viver feliz, abra as portas
do teu coração que se fechou,

anda na direção de quem estima
tua pessoa, suba no degrau acima,
verá alguém a suspirar, esperando
que enxergue o caminho florido,

a mão que lhe estende e não engana,
deixa o caminho da ilusão, olha o céu
dentro dos olhos de quem te ama,
te quer, te espera, vem tecer a colcha

do amor sem enganos, deixa do lado
de fora a arrogância, incertezas, fragilidades,
inseguranças, renda ao verdadeiro amor,
te espero com meu beijo!

Marta Peres

Desenho da Poeta


Desenho da Poeta

Mão segura firme o lápis, desenha
palavras carinhosamente derramadas
dos dedos, carícia, doçura feito roçar
da brisa, vaga sem destino nem fim

sobre folha de caderno, perdida nos
pensamentos da poeta, dentro dos
sonhos em verso, grita seu lamento,
chora sua dor deixando o transverso

do verso, com a calma dos sábios
exala sorriso, a beleza de uma flor,
tendo a alma sorrindo esconde
os olhos que chora, derrama lágrimas

dentro da dor, faz da tristeza um
castelo de alegrias, rima a solidão
com o calor da amizade, emoção
da beleza do amor, a angústia da dor!

Marta Peres

03/02/2008

Soluço do Rio



Soluço do Rio

Meu rio, saudade me chamaste...
E em mim a alegria iluminou-se,
soluça de dor temendo que eu fosse
deixando-te amigo, sem mirarte!

Na noite enluarada murmuraste
toda mágoa e beleza que um dia trouxe,
eras grande e belo, límpido, doce
e agora em nada te tornaste!

Soluça baixinho na tua calma,
dolorosamente sente dor na tua alma
sabendo que nada mais resta da beleza.

Flores, folhas no teu leito caindo
suaviza a dor e o torna lindo,
forma a singela toalha de mesa!

Marta Peres

Grandes Maravilhas


Grandes Maravilhas

Palavras de casa em casa são pronunciadas
como em procissão, promessas em vão...
Tapinha nas costas, sorriso largo mostrando
todos os dentes...

O povo ouve, sacia com tantas maravilhas
prometidas em épocas eleitoreiras, passa bem,
quatro anos de barriga cheia pelo prometido...

Também não precisa mais, palavras bastam...
...a despensa já está cheia, nada faltará no prato
e a habitação, mero sonho de aquisição...

A paz vence...o sol é o mais belo...e não há noite
sem estrelas...alegria geral pois já foi repartido
o peixe...não é necessário mostrar o caminho do rio.

Ah! Viveremos em épocas de grandes maravilhas,
O social prometido não precisa ser cumprido, a
Saúde...vai bem, obrigado!
Educação? Não tem!

Marta Peres

29/01/2008

Paixão


Paixão

É misto de sonho e é loucura
E minhas forças vencidas, me entrego...
Doçura e sabor de fel
Tudo em ânsia que supera a razão!

Razão não existe se há paixão
E no devaneio me perco,
terrível insensatez...
Minha lucidez não existe mais
Quando me apaixono,
Só vivo minha paixão...

Marta Peres

Morte


Morte

Lá fora ouço a canção serena do vento,
O sol quente ilumina, aquece tudo,
Dentro de mim não mais existe o inferno
Sopro luminoso mostra o que é viver.

Livre como pássaro vôo, liberdade,
Som que canta no pensamento
Escorre pelas veias...

Tormenta acabada, fim de solidão,
Descaso e inquietação,
Ferida disforme que cicatriza
Momentos duros que findam.

Apenas lágrimas lavam a alma,
Já me sinto leve como pluma ao vento,
Tudo é alvo e calmo, árvores frondosas
Em jardim colorido pelas flores, pela grama
Chego ao descanso infinito!

Marta Peres


Noite

Já é noite,
Universo coalhado
pelos astros
enfeitam o céu...

Versa a noite...
Verso eu...
Adentrando o olhar
no grande
desfiladeiro estrelar
rebordado por pérolas
cristalinas, brilhantes
no vestido negro da noite,
encantador...
sonho dos apaixonados
sonho meu...

Marta Peres

Pai Joaquim


Pai Joaquim

Na úmida senzala Pai Joaquim
Padeceu grandes dores, triste e sofrido
Viveu separado de sua mulher e filhos,
De sua gente e do seu lar foi arrancado
Pelos mercadores, carregado como carga
Em negreiros, foi trazido para o Brasil.

Pai Joaquim, viveu em fazendas dos Araxás
E debaixo de chibata trabalhava com o gado
Do Senhor,
Sentiu no lombo dor aguda, jamais chorou
E altivo olhava seu dono,
Era rei em sua terra e como rei deu-se
O respeito.

Sonhou com a volta a Pátria,
Sonhou encontrar os filhos e esposa,
Chorou sozinho e escondido sofreu,
Padeceu!

Ele era grande, grande,
Mereceu toda grandeza pela sua vida
Sem contudo realizar o sonho.
Sua alma ecoa em brados pelo Brasil!

Três séculos são passados,
Nosso bravo guerreiro permanece,
Sofreu, foi altaneiro na labuta do trabalho
Deixou ensinamentos de amor,
Porém, cativo após a morte deixou de ser!

Marta Peres

Salve o Dia da Consciência Negra!

28/01/2008

Ruas


Ruas

As ruas de minha cidade estão molhadas,
Águas caem desde a noite de sexta-feira,
Lavam as ruas, lavam a alma.

As águas saem das minhas entranhas,
Percorrem meus olhos se instalando nas
Nuvens, molham as ruas que participam
Dos meus sentimentos.

Não me importa lá fora a turba de agitação
Que passa por elas, sei que há e são invisíveis
Aos meus olhos e ouvidos.

Só ouço o barulho dos pingos grossos caindo,
Existe penumbra em meus olhos pelo pensamento
Longínquo, penso naquela árvore florida onde
Deixei quem amo, numa rua estreita e sem beleza.

O céu está branco sobre a rua solitária por onde ando,
Sei que há promessas feitas pelos humildes corações
Que povoam casas, há sonhos, ilusões, amor...

Marta Peres

Não Foi Adeus


Não Foi Adeus

Disse adeus ao mundo em momento certo...
Queria ouvir “até breve”, ouvi adeus
E ela se afastou sem que fosse feito algo...
Foi levando consigo minha esperança,
Deixou em mim fadiga cruenta, que fazia
Doer os músculos do corpo inteiro.

Grande despedida, dolorida e inconsolável...
Nada houve para iluminar o momento preciso
Quando foi a hora do triste adeus...
No final, respiração difícil, não houve vacilo.

Choro de desespero pela dor sentida,
Disse adeus com os olhos esbugalhados,
Adeus verdadeiro, derradeiro e sem voz
Que me ajudasse convencer, confortar...

Apenas partiu primeiro levando consigo
O sorriso meigo, a douçura do olhar,
Das palavras, o carinho sincero, a
Sinceridade e calma, seu amor...

Não foi adeus que ouvi quando fecharam
As paredes separando-a do mundo,
Foi apenas uma despedida, um até breve!

Marta Peres

Liberdade


Liberdade

Serenamente foi amolecendo os músculos
do corpo, todo organismo foi parando calmo
e lento, nenhum suspiro se ouviu, apenas
seu organismo obedecia às ordens de comando...
Já não havia o peso do passado, tudo havia
se cumprido conforme o determinado, escolhido
antes da última vinda naquele corpo cuja doença
ceifa aos poucos...
Foram tantos anos de vida!
Vida dedicada ao amor, compreensão, carinho,
jamais vida parada...
Finalmente aquela alma sentiria a liberdade,
iria voar livre pelos ares, pelos céus, pela imensidão
encontraria velha habitação, cheia de paz e saúde.
Decidida retira-se daquela carne sofrida, machucada
pela dor que o corpo mitigara anos a fio, e o semblante
torna-se leve, puro, de uma calma inexplicável à
inteligência humana, e ela dorme, plácida dentro
do caixão!

Marta Peres

Entra a Primavera




Entra a Primavera


Da minha janela teço sonhos
E nos sonhos vejo amores
Poesia e flores...

Da minha janela vejo meu jardim,
Encantado pela fada,
ouço pássaros cantando ali
E sei que há colibris...

Menina que brinca e canta
No meu jardim,
Em tempos louros de mim...

Brincando na chuva vejo a menina,
A correr daqui e dali
Nos galhos das árvores a sorrir
...mal-me-quer,
bem-me-quer!
E flores belas e rosas em botão
A menina desfolhando,
Cantando a mesma canção
...mal-me-quer,bem-me-quer!
É primavera!
Flores se abrem,
Margaridas cobrem tudo
E cobrem tudo as onze horas,
Lírios de todas as cores
Cravos, hortências e jasmins
Lá no final, bem no cantinho
Do muro copos de leite
E os belo girassol,
A sorrir para mim!
Marta Peres


Palavras



Palavras


Move o vento!

O pensamento move-se como move o vento

E palavras são ditas e caladas,

Palavras e palavras...impensadas, pensadas...

Inconseqüentes ou conseqüentes, está ai o velho

Pensamento humano pensando em sua fúria

E ávido de pronunciar palavras...palavras

Machucam...destroem...matam...dignificam...

Existem palavras que não se pronunciam

O silêncio fala mais que palavras desnecessárias...

Palavras maldosas, mentirosas, chegam feito

Larvas de vulcão...mas sempre palavras...

Dizer o que não se deveria, o irracional

A voz do silêncio fala mais...


Marta Peres

Maria


Maria


Nossa Senhora Mãe de Jesus!

Rainha da Paz e da Luz!

Glória, Glória, Glória!

Venho a Teus pés!

Bendita és Tu!


Digo a Ti Mãe!

És rainha da minha vida

E a Ti peço clemência e amparo,

Não importa os tantos nomes que tem

Maria é o mais belo!


És Maria! Mãe do Senhor!

És Maria! Flor de Bondade!

És Maria! Lírio de Amor!

És Maria! Amparo da Humanidade!


Bendita sejas, Mãe!

Bendita sejas, Senhora!

Sê conosco Mãe, a todo momento

E todo diaInunda teus filhos com tua luz bendita,

Perdoa os pecados,

Agora e na hora

Da nossa morte...

Amém!...
Marta Peres

Dia dos Mortos


Dia dos Mortos


Finados chegou, dia de recolhimento,

Levar o pensamento aos nossos que se foram,

A todos os amigos e irmãos.

Ir ao cemitério, procurar sepulturas queridas

Levando oferendas, flores e velas.

Fazer uma oração na que foi esquecida

Dos seus, na que vive só, sem ninguém

Que olhe por ela, coloca um flor.

Não passe por aqui sem olhar pra mim,

Pare um minuto, olha o meu retrato,

Também já estive neste lugar, nesta data,

Hoje estou morto a espera de uma

Reza que possa acalmar meu sofrer...


Marta Peres

Tempestade







Tempestade


Tempestade caíndo sobre minha cabeça dolorida

Duvidas e queixas, caminho que sigo a passo hesitante.

Realidade doída, afronta que feriu e sangrou, virou ferida

Coração em trapos, sentindo dores, machucado o bastante.


Sou um corpo frio em busca de amor, voz sussurrante, olhar aflito

Perdi tudo o que tive um dia, lar desmoronado, família desmantelada

Cedi a cobranças vãs, ando a sofrer, minha voz reprime o grito

Não sei mais sorrir e sou triste, vivo vida amargurada.


Nada sinto, nada tenho e nada espero, esperanças dormem, há mágoa

E me embrenho neste mar de loucura e sofrer, mar bravio, não vejo saída

Nem consigo desbravar as ondas, sentimento cruel, temo esta água.


Minhas forças se calam, posso sucumbir, a verdade se escondeu

E não consigo mostrar os fatos, lágrimas caem dos meus olhos cansados,

Nada mais posso e meu barco a deriva continua, luta constante, perdida.


Marta Peres

Culpa


Culpa


Céu colorido de cristais,

Corre como ciclone

No seu colar de confetes cravejado,

Choro convulsivamente, contudo caminho

Cantando cantiga da culpa,

Calada ante cena cruel.


Conselhos cedidos,

Ciúmes, carrego crimes, cicatrizes

Contrariando o Criador,

Sou criatura cansada, calejada

Coração cingido pela chaga.


Chego calma na colina carpada

Carregada de ciprestes,

Cravos colocados no caminho

Cenário colorido, colossal,

Contente caio ao chão,

Crisântemos de cetim,

Coleciono, cultuo.


Marta Peres

Belos Momentos


Belos Momentos


A varanda do meu quarto é batida pelos ventos

Que vêm do mar.

Lá longe a casa do rochedo podia se avistar,

Desenhada na curva, em torno da baía formando

Uma enseada descoberta, por onde se podia ver o sol.

Árvores copadas e floridas descendo ladeira abaixo,

Encantando corações.

Ao longe, veleiros e barcos de pesca seguiam

sem se importarem com o crepúsculo, com o tempo

Que fugia, douçura que só eu experimentava.

Belos momentos em que ali, olhava o mar bater nas

Pedras, franjas de areia, recifes, no lado de um encantador

Jardinzinho, onde pessoas paravam para o descanso.


Marta Peres

Decisão




Decisão




Relógios batem as horas,


Soam forte dentro da noite calada e quente,


Ainda estou em minha janela olhando a imensidão


Astros que brilham nos céus.




Vou dizendo a eles do meu mal, revolta,


Cancei-me de cena teatral,


Tentei levar às alturas toda dor que sangra o peito,


Grito ao alto tudo que odeio e fujo do que é irreal


Desisto desta vida, não quero mais!




Marta Peres



Aconteceu


Aconteceu


Aconteceu na minha vida

Como relâmpago

Em noites de tempestade.


Tumultuou meu viver

Mostrando-te de cara limpa

E como um meteoro passou rápido,

Levou contigo esperanças, alegrias,

Certezas do que seria viver...


Levou amor que pensei ter

E tudo que poderia ser

Levou em arrasto o amor...


Marta Peres

Saudades da Menina


Saudades da Menina
Dentro da nostalgia penso minha menina,
Sonho tempo passado e as saudades
Batem forte, grossas lágrimas caem
Do rosto de mulher madura.
Brincando de roda lá vai a menina
no corre, corre daqui e acolá
Põe-se a lua a olhar, admirar
E sentir encantamento,
Doce menina que logo será mulher.
Olhos espertos e doces, belos pensamentos
Passam como o vento e a menina continua
A lua fitar, saudades...amor...no que a menina
Estará a pensar?
Bela menina do olhar cândido e sonhador,
Fica a lua a olhar, coração a suspirar!
E na dança de roda rodopia a menina
Sonha acordada contando as estrelas.
Ah! Menina! Tens um amor?
Marta Peres

Ausência


Ausência

Sinto minha alma transformando-se
em deserto seco onde falta a água
e o vento bate nas areias que caem
nos olhos fazendo-os cegar...
Não posso ver você...
Minhas noites são escuras, sem lua
Não tenho casa, vivo na rua
Nua, em terra estranha...
Desespero, ausência que maltrata
Meu viver, funda, deixa minha vida
Descontrolada, os olhos cansados
De tanto por você chorar...

Marta Peres