23/09/2009

Que Abandono!


Que Abandono!

Chuva mansa caiu toda noite, uma indolência
serenava deixava-me ouvir sem no entanto
conseguir levantar-me, mansamente chovia
lá fora, tranqüila tentava acalmar-me, a chuva.

Doce cantilena dos pingos numa conversação
fastidiosa, arenga me deixava mole estirada
ao leito. Que abandono! Solidão dentro
da noite fazia em pedaços o coração.

Solenemente me virava sobre lençóis alvos,
sonho tentava envenenar a alma e eu evocava
seu nome sem vontade de me levantar, apenas
muralha via entre nós, em névoa lhe pressentia.

O vento estrondava as janelas dizendo: o mundo
inda gira, o tempo corre. Minha vontade amolecia,
agarrava-me ao leito sem ânimo apenas ouvindo
cantiga enfadonha, da chuva mansa que caía.

Marta Peres
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