16/06/2008

Companheira da Madrugada


Companheira da Madrugada

Sou companheira da madrugada,
revivendo dores, mágoas, feridas
não cicatrizadas e sangram meu
coração, me tiram o sono, ando pelo

jardim como sonâmbula, sinto a alma
arder, quase nunca encontro alívio,
por quase nada e quase sempre vou
às lágrimas, choro sobre as rosas

que se orvalham, chorando comigo,
sentindo minha solidão, lembranças
marcam meu viver, preciso mudar,
modificar meu pensamento, aceitar

sua partida, aceitar que perdi , deixar
de viver das recordações, buscar forças
para re-viver dependendo de mim,
do meu amor por mim, pela minha vida!

Marta Peres

Semeando amor


Semeando amor

Ao longe,
orquestra toca,
suspiro,
continuo meu caminhar
semeando as sementes
dos belos girassóis,
um foco de luz converge,
avanço,
olho para trás,
vejo crescer a fila,
admiro a maravilha dos campos
já plantados,
dos meus olhos saem alegria
quando meu amor surge
ao longe,
em meio aos girassóis crescidos
sinto seu amor por mim,
vejo a dança das flores
quando ele passa,
se reverenciam à sua passagem,
sentem revigorar as forças
pelo amor que dele exala,
a tarde chegando
e eu sorrindo toda felicidade
por amar,
sobre o campo de girassóis!

Marta Peres

15/06/2008

Saudades


Saudades

O que sinto eu sei, não é cansaço,
Sim desilusão que entranha na alma,
No meu pensar...
Minha vida anda às avessas,
Não tenho como resolver este sentimento
Que maltrata e corrói a alma...
Meu alvorecer está cheio de lágrimas
E no crepúsculo sinto tristeza
E dói, dói,dói...
Já nem sei como existo,
As forças faltam
Falta a voz, nem um grito,
Nem palavra consigo balbuciar
Apenas gemidos, sofridos, calados...
Há em mim uma angústia
Uma sede infinita e constante
De ser entendida, há momentos
Que nem eu me compreendo
E minha alma sofre atormentada
E não se sente bem, sente saudades...
Sei lá de quê!

Marta Peres

O que torna uma mulher bela


O que torna uma mulher bela

Admiro o homem que vê na mulher
não a beleza física, o corpo escultural,
admitindo ser secundária este tipo de beleza,
entendendo que uma mulher bela torna-se
sem atrativos, em pouco tempo o interesse
vai embora, torna-se insuportável, cansativo
viver com um manequim.
Uma mulher simpática, atraente, faz mais a
cabeça dos homens inteligentes, que realmente
sabem escolher a companheira, a companhia.
O que torna a mulher bela, não é seu físico,
é sua delicadeza, finura no trato com as pessoas,
sua espontaneidade, seu jeito cativante, seu sorriso.

Marta Peres

“Sem rumo”


“Sem rumo”

Meu corpo cansado já não agüenta, quer parar
recusa-se continuar, não consegue enfentar a vida,
feridas se abriram nos pés, caminho feito de pedras
machuca ao pisar, nas quedas, não encontro saída

Completamente só, choro, sinto falta de alguém
que enxugue minhas lágrimas, grito, ninguém
me escuta nem me entende, sigo a cambalear,
Dores no corpo, na alma que está a naufragar

respiração ofegante, mundo em desencontro,
perdi o rumo, minha alma amargurada se vê
incompreendida, dentro do mundo não encontro
meu lugar, tudo é amargura, minha boca sente

o amargor da derrota, tédio de tudo, por tudo,
olho a minha volta, pessoas caminham sorrindo,
sorriso sarcástico nas bocas das máquinas, seguem
neste mundo onde a perversidade vive fluindo...


Marta Peres

Além da Vida


Acróstico

Além da Vida

A lma perdida no turbilhão do tempo
L argada ao relento, sem chão, sem Pátria, não
E xiste cantinho que satisfaça, sirva como lar,
M arcada pela vida, marcada pela morte!

D rama que conheceu após fechar os olhos,
A lcançando a Eternidade Infinita!

V ida, quantas vivi, quantas irei viver até
I ncrustar no coração, sou Eterna como Eterno é
D eus, sou Inteligência Semelhante ao Pai,
A mor Infinito, Bem Supremo, viva pela Eternidade!

Marta Peres

Sinto Pena


Sinto Pena

Sinto pena de mim por acreditar,
acredito em cada palavra sabendo
ser mentira, creio no que dizes
sabendo não ser verdade, vives

dentro do mundo de sonhos, mundo
que fizeste para ti, viver alheio à realidade,
vives desprotegido, nu da realidade,
olhando nuvens que passam nos céus

sem poder alcançar, afastam de ti
quando teus olhos tentam atingir,
sinto pena de ti, nada posso fazer,
sinto pena de mim por acerditar!

Marta Peres

Cai a Noite


Cai a Noite

Morrem nos céus as luzes do dia,
na noite que cai aves tagarelas
cantam baixinho, mais parece ensaio
dentro da tarde de junho, pintam-se,

do horizonte nas ourelas as curvas
das montanhas que cercam a cidade,
um dúbio raio alaranjado, o manto
cauteloso da noite desfalece num

lírico desmaio, o céu, no tom colorido
vai se entregando, pouco a pouco,
descuidado, sonolento, mesclando
as flores do negror da sua capa,

bocejando preguiçosamente na volta
ao lar, depois de duro dia de trabalho,
deixando que as estrelas surjam
e enfeitem os céus de brocados!

Marta Peres

Não sei como virás 1 e 2


Não sei como virás 1

Não sabes o que é carinho,
deixaste perder as carícias,
o dom de acariciar, sinto por
ti imensa piedade, já não sabes

qual caminho seguir, esqueceste
o caminho das flores, onde a passagem
florida encanta corações, inebria
a alma, andas, andas, não encontras

o que procuras, vives como viajante
do tempo a suspirar pela doçura do amor,
tuas noites andam frias, escuras, ao passar
ramos estremecem, sentem medo

de ti, de como virás, do peso de tua
mão, da cólera que apossas do teu corpo,
do teu rosto transfigurado pela ira, já não
teces a ilusão da pureza de um beijo!

Marta Peres



Não sei como virás 2

Deixa o mundo de enganos,
tem cá tudo o que precisa
para viver feliz, abra as portas
do teu coração que se fechou,

anda na direção de quem estima
tua pessoa, suba no degrau acima,
verá alguém a suspirar, esperando
que enxergue o caminho florido,

a mão que lhe estende e não engana,
deixa o caminho da ilusão, olha o céu
dentro dos olhos de quem te ama,
te quer, te espera, vem tecer a colcha

do amor sem enganos, deixa do lado
de fora a arrogância, incertezas, fragilidades,
inseguranças, renda ao verdadeiro amor,
te espero com meu beijo!

Marta Peres

Desenho da Poeta


Desenho da Poeta

Mão segura firme o lápis, desenha
palavras carinhosamente derramadas
dos dedos, carícia, doçura feito roçar
da brisa, vaga sem destino nem fim

sobre folha de caderno, perdida nos
pensamentos da poeta, dentro dos
sonhos em verso, grita seu lamento,
chora sua dor deixando o transverso

do verso, com a calma dos sábios
exala sorriso, a beleza de uma flor,
tendo a alma sorrindo esconde
os olhos que chora, derrama lágrimas

dentro da dor, faz da tristeza um
castelo de alegrias, rima a solidão
com o calor da amizade, emoção
da beleza do amor, a angústia da dor!

Marta Peres